União Européia põe o Brasil em rota de intercâmbio

União Européia põe o Brasil em rota de intercâmbio

Parceria rende 18,6 milhões de euros para a realização de consórios

O Brasil chama cada vez mais a atenção de estudantes, pesquisadores e professores estrangeiros. Não se trata da sétima maravilha do mundo, o Cristo Redentor, tampouco do Carnaval. A excelência acadêmica das universidades brasileiras e seus programas de ensino e de pesquisa estão entre os principais pontos de atração desses turistas. Uma prova disso e o investimento de 18,6 milhões de euros que a União Européia fez, recentemente, para incluir o país no Erasmus Mundus.

O programa, lançado em 2004, visa a cooperação entre as instituições de Ensino Superior e o intercâmbio de estudantes, pesquisadores e professores dos países da União Européia e de outras nações para fins de estudo, ensino, formação e pesquisa. A iniciativa prevê a concessão de bolsas a estudantes de todo o mundo para cursos promovidos por consórcios universitários.

A partir de 2008, o Brasil deixa de ser um coadjuvante, para tornar-se integrante do Erasmus Mundus. Além de ampliar o número de oportunidades de intercâmbio a brasileiros, a parceria prevê que o país receba estudantes europeus em suas instituições de ensino.

“Antes, a participação do Brasil no programa se restringia ao envio de brasileiros, sem o apoio do governo. Era um esforço individual dos estudantes”, conta o chefe da assessoria internacional do MEC (Ministério da Educação) Alessandro Candeas. “É claro que houve benefícios. Mas o impacto desse novo modelo é muito maior, até porque os recursos são maiores”, completa.

Mas, para secretário de Relações Institucionais e Internacionais da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Paulo Vizentini, a vantagem do programa não é só econômica. A iniciativa contribui com a internacionalização das universidades brasileiras. “Esse processo se torna essencial para o crescimento qualitativo do setor acadêmico e essa é mais uma oportunidade das instituições brasileiras se inserirem no mundo”, assegura.

Recursos

Os recursos destinados às bolsas para o Brasil foram divididos em dois editais. O primeiro, lançado no último dia 5 de dezembro, destina-se ao ano acadêmico 2008-2009, onde serão investidos 9,3 milhões de euros (R$ 24,1 milhões). O mesmo valor será aplicado em 2009-2010, quando será lançado outro edital. A verba será destinada a consórcios universitários formados por, no mínimo, cinco universidades da Europa de três paises membros da UE e de três instituições de Ensino Superior brasileiras, com pelo menos duas federais, de no mínimo duas regiões do Brasil diferentes.

A partir desses consórcios, estudantes de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado, além de professores e pesquisadores das instituições participantes, terão a oportunidade de estudar na Europa. A expectativa é beneficiar, em 2008, no mínimo, 165 estudantes. “Esse número pode variar de acordo com o número de projetos aprovados. Mas certamente iremos ultrapassar esse mínimo”, afirma Candeas.

A duração das bolsas vai de seis a dez meses para graduação e pós-doutorado, de seis a 22 meses para mestrado, de seis a 34 meses para doutorado e de um a três meses para a comunidade acadêmica.

Candidaturas

As instituições interessadas em participar do Erasmus Mundus podem se candidatar até o dia 15 de fevereiro de 2008. Mas ter interesse não é suficiente. É preciso consolidar parcerias com universidades brasileiras e européias, conforme o modelo do consórcio acadêmico estipulado, e apresentá-las a comissão julgadora do programa. (Clique aqui e confira o modelo da parceria)

Essa negociação, segundo Candeas, é de responsabilidade das universidades. “Muitas já possuem diversas parcerias, o que falta é consolidá-las”, conta. Mas, para as instituições que ainda não mantêm acordos, o assessor orienta que é preciso, primeiro, definir os objetivos estratégicos da universidade para traçar as áreas prioritárias de atuação e, enfim, buscar as parcerias. “Essa busca deve avaliar a excelência dos cursos e das instituições, de maneira que a parceria possa contribuir para o desenvolvimento da instituição”, alerta.

Na edição 2008, serão priorizados os consórcios nas áreas da Educação, Engenharia e Ciências Sociais, além dos projetos voltados a capacitação de professores. As instituições também precisam provar que estão preparadas para receber estudantes estrangeiros. “A questão da infra-estrutura faz parte dos critérios de seleção e pode fazer a diferença entre um projeto ser aprovado ou não”, alerta Candeas. A experiência na recepção de estrangeiros, a tradução dos sites em outros idiomas, a oferta de programas de ensino da língua portuguesa e o trabalho de orientação a estrangeiros podem contar pontos a favor.

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