Europa do autoconhecimento

Europa do autoconhecimento

Viagem com amigo é uma boa, mas sinto que uma viagem all by yourself proporciona um aprendizado maior. Como se virar, se conhecer, se curtir, você com você mesmo. Esses vinte dias pela Europa em uma primavera de 2010 foi exatamente isso. Fui com uma amiga que ia para Milão, na Itália, a trabalho. Tinha acabado de me demitir e estava fechando uma porta para abrir uma janela. Uma viagem ia selar bem esse momento. Enquanto minha amiga trabalhava em uma feira moveleira, eu aproveitava o Hotel 4 estrelas que veio no pacote bancado pela firma. Banheira, compras e claro, alguns pontos turísticos da cidade (Catedral Duomo, Galeria Vittorio Emanuele II, quadrilátero da moda, entre outros). Foi ótimo, mas Milão ainda tem um Q de São Paulo, bem cosmopolita. Seria talvez uma versão mais estilosa (todos em Milão são muito bem vestidos).

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Vinhos Milão. Foto: Sergio Virgilio

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Duomo di Milano. Foto: Sergio Virgilio

Dei ainda um pulinho em Belaggio, uma cidade bem bucólica, pertinho de lá de trem. Seguimos para Roma. Minha amiga conseguiu uns dias de folga. A viagem só melhorou a partir daí. Coliseu, Vaticano, Piazza Navona, Pantheon, Fórum e Mercado de Trajano, Fontana di Trevi, Piazza di Spagna, enfim, Roma respira cultura e arte. Sem contar as massas e vinhos maravilhosos.

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Bellagio. Foto: Sergio Virgilio

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Coliseu. Foto: Sergio Virgilio

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Roma. Foto: Sergio Virgilio

Minha amiga voltou para o Brasil e segui para Veneza. Agora sozinho, lidando com todo tipo de problema que poderia aparecer. Afinal, é um mochilão. Nada muito planejado, sem agência de viagem ou qualquer suporte. Sem amigos, família ou conhecidos por perto. Quem acaba ajudando são os famosos estranhos. Pessoas que pouco farão parte de nossas vidas, a não ser naquele único momento. Veneza me transmitiu paz. Olhando aquelas águas, senti que ali seria um bom lugar para passar as etapas finais da vida. Foi lá também que fiquei sem nenhum Euro na carteira, no porta-dólar, no colchão, enfim, vocês entenderam. Mas tudo bem. Eu tinha paz. Tinha também um alemão que me pagou uma cerveja, um dos hostel buddies. Os hostel buddies são aqueles amigos que você faz no albergue. Eles surgem e desaparecem com a mesma agilidade. Andei de gôndola com duas brasileiras, que não eram hostel buddies, conheci na rua mesmo, depois de ajudá-las em uma selfie (na época era FOTO mesmo). O passeio de gôndola é caro, mas dividindo o custo dá pra encarar. É um bom investimento, assim como comprar uma das inúmeras máscaras teatrais por ali.

Foto: Sergio Virgilio

Veneza. Foto: Sergio Virgilio

Após Veneza sigo sempre de trem (com um passe EURAIL) para Nice, na França. Nice é uma cidade litorânea. Mas minha passagem por lá foi rápida e peculiar. Por causa do GP de Mônaco e por um deslize de não ter reservado o Hostel antes, fiquei sem hospedagem. Acabei em um hotel mais caro e que resultou em uma forte alergia de pele. Encontrei em Nice o “ouro”, uma lavanderia. Estava quase sem roupas limpas e aproveitei pra bater um papo com um africano funcionário do local, entre a máquina de lavar e a de secar. Fiquei apenas um dia. Quando me perguntam o que fiz em Nice, eu falo a verdade: lavei minha roupa.

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Nice. Foto: Sergio Virgilio

É a vez de Paris, cidade do amor, para quem está amando, para quem não está, é a cidade da solidão. Um dia no Louvre, outro andando pela cidade, passando pela Torre Eiffel, Catedral de Notre-Dame, Rio Sena, Marais, Arco do Triunfo, etc. Tudo só. Até os hostel buddies inexistiam. Cidade bonita e melancólica.

Foto: Sergio Virgilio

Torre Eiffel. Foto: Sergio Virgilio

Tão diferente do próximo e último destino, Barcelona, no qual fiquei seis dias. E não me arrependo. Praia, Gaudí, Sagrada Família, Parque Guell, Casa Batlló, surrealismo, Bairro Gótico, La Rambla, Barceloneta, Fonte Mágica, pessoas simpáticas, portunhol, kebab, paella, hambúrguer barato perto do hostel, esporte, energia, felicidade, hostel buddies, nudismo, tudo junto e misturado. Tudo que se pode querer. Em Barcelona encontrei minha casa.

Foto: Sergio Virgilio

Barcelona. Foto: Sergio Virgilio

Foto: Sergio Virgilio

Sagrada Família -Barcelona. Foto: Sergio Virgilio

E depois voltei pra minha outra casa: o Brasil que tive saudades e vi com outros olhos.

1 comentário

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Rodrigo Araujo

Ola’ Sergio,
Excelente o texto. Vale de inspiracao para os que querem viajar so’. Nao e’ somente pela viagem, mas tambem pelo auto-conhecimento e aprendizagem.
Parabens pela coragem.
Abracao.

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