Crise portuguesa: que crise?
Olá leitores do Sair do Brasil! Estava para escrever aqui a tempos, mas queria por uma coisa especial para o meu primeiro artigo e, por conta disso, resolvi falar de um assunto que está sendo muito comentado na blogsfera, na mídia e no Conexão Portugal: a crise que assola Portugal.
Para entender o que aconteceu com Portugal até hoje, é necessário contextualizar a situação que Portugal se encontrava e que se encontra hoje. Por conta dessa história, resolvi escrever este artigo em duas partes, pois ficaria muito grande se fosse escrito de uma vez só. Na primeira parte irei explicar como estava Portugal e o que aconteceu para hoje o país estar pedindo empréstimo ao mundo. Na segunda parte falarei sobre a recuperação, o que se espera dela e como isso está afetando ao portugueses a aos imigrantes em Portugal.
- Estamos mesmo no fundo do poço?
Imagem de http://neccint.wordpress.com/
Deixo claro a todos que não sou economista, muito menos visionário ou especulador. O que eu tento colocar nestes posts é o meu entendimento sobre o assunto, captado através daquilo que acompanhei, que li, que interpretei das estatísticas e previsões do mercado. Por isso, o texto pode ter falhas de entendimento da minha parte, mas me esforcei ao máximo para trazer a informação da maneira mais clara e objetiva possível.
A década perdida
Portugal já estava doente, morrendo aos poucos. Acho que essa frase descreveria bem a situação anterior a 2008. Antes da crise de 2008 ter seu ápice, Portugal já passava por dificuldades. O país já vinha perdendo competitividade com outros mercados da Europa e da Ásia. Aliado a perda de mercado, a valorização da mão de obra local e os valores de tarifa de importação fizeram com que Portugal consumisse mais do que produzia.
- PIB por países da UE. Retirado de “Perspectivas de la economía mundial” – FMI – Pág. 204
fonte: http://www.imf.org/external/spanish/pubs/ft/weo/2011/01/pdf/texts.pdf
Os números que demonstram o PIB de Portugal no período de 2003 a 2010 mostram que a média o crescimento do PIB português foi de apenas 0,53%, contra os 1,09% da zona do euro e os 3,89% mundial.Isso se deve em boa parte ao enfraquecimento da agricultura, da pesca e da fraca industrialização do país.
Com um déficit na balança comercial, e apresentando um grande desequilíbrio nas contas do governo, que para atingir metas própria e da UE, elevou muito seus gastos principalmente em infra-estrutura e transportes, o que refletiu no crescimento da dívida pública.
A população por sua vez também apresentava uma alta taxa de endividamento, comprometendo sua renda por longos anos e sem gerar poupança ou investimentos produtivos de grande volume para sustentar a movimentação da economia para a sociedade. Sem dinheiro no país, Portugal passou a captar dinheiro no exterior para financiar o crescimento interno a juros altos, pois não tinha como bancar o crescimento com dinheiro próprio.
- Como pagar se não há dinheiro em caixa?
imagem de http://www.alcaine.com.br/
A crise de 2008
Quando a crise americana de 2008 teve seu ápice, atingiu em cheio a economia fragilizada de Portugal. Não houve nenhuma bolha na economia, houve sim gastos exacerbados em itens de pouco ou nenhum retorno para a economia. Em vez de realizar obras que gerassem empregos em longo prazo, o dinheiro acabou sendo gasto em coisas como a compra de submarinos pela marinha portuguesa. Gastos com infra-estrutura para aumento de competitividade e melhora da qualidade de vida são necessários, mas devem ser medidos para não extrapolar o aceitável. E nesse ponto os governantes deixaram a desejar.
- A crise acertou em cheio os países mais fragilizados
imagem de http://www.jangadeiroonline.com.br
Com o descontrole da economia, a dívida pública, que é o dinheiro que o governo precisa pegar emprestado para conseguir pagar suas contas, chegou a 93% de tudo que o país produz. Portugal entrou em uma crise profunda e em recessão.
No último ano e no atual
Para tentar mostrar que Portugal teria condições de pagar suas dívidas aos mercados, o Primeiro Ministro José Sócrates tentou adotar medidas de austeridade para reduzir os gastos do governo. O problema é que essas medidas atingiriam também a população, que teria salários reduzidos, aumento de tarifas públicas, impostos e cortes na aposentadoria (reforma).
- José Sócrates deixando o governo
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Com a oposição ao governo afirmando que as medidas eram severas demais para a população, o Primeiro Ministro acabou por renunciar, alegando não ter mais condições de governar. Essa atitude fez o mercado aumentar ainda mais o risco de calote português, o que culminou com Portugal não obtendo mais empréstimos no mercado em função dos altos juros que estavam assim pelo medo de um calote econômico português.
- Protestos se espalharam por todo o país por causa da crise
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Daí para frente o que se viu foram pedidos de ajuda, reclamações internacionais e até um possível veto a um empréstimo internacional bilionário que viria a salvar a economia portuguesa. Mas esse é um assunto para o próximo post.
Fiquem ligados e acompanhem as novidades de Portugal aqui no Sair do Brasil e no Conexão Portugal.
Um abraço e até o próximo post!
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