Brasil e Espanha: tensões à vista!
Hoje vou falar sobre o “lado B” de uma viagem, considerando que viajar nem sempre são flores… Claro que sempre queremos saber o que um país tem de bom, sua cultura, sua história, sua gastronomia, etc. Mas também não dá pra ignorar os contratempos que podem surgir em qualquer deslocamento. Há uma série de problemas que são passíveis de acontecer com qualquer pessoa, em qualquer lugar, mas me atentarei ao caso de viagens internacionais, envolvendo países com relações diplomáticas “abaladas”. Sim, é o caso recente entre Brasil e Espanha.
Brasil e Espanha: relação sujeita à pancadas de chuva e possíveis trovoadas…
Desde que fui morar na Europa, passei a observar com mais atenção as questões migratórias e o crescente movimento discriminatório para com todas as pessoas vindas de países “suspeitos”. Posso dizer que essa lista é grande e o Brasil infelizmente está incluído nela… E agora, acompanhando os últimos acontecimentos desencadeados, principalmente, a partir do caso de uma senhora brasileira que foi barrada no aeroporto de Barajas, em Madri, vi que a tensão entre os dois países só aumenta.
Não quero jogar balde de água fria em ninguém, mas confesso que organizar minha ida para a Espanha em CNTP (= condições normais de temperatura e pressão) já foi complicada o suficiente, fico imaginando como seria se eu estivesse indo agora… Desde o pedido do visto no consulado espanhol, ainda aqui no Brasil, até a emissão da minha identidade espanhola como estudante, posso dizer que foi pura dor de cabeça… Não vou fazer meu rosário de queixas sobre esse assunto, mas apenas ponderar como as dificuldades podem ter aumentado nos últimos tempos, com essa nova conjuntura.
E, nesse um ano morando fora do Brasil, uma coisa eu aprendi e consegui re-significar. Brasileiro/a, em geral, sofre de uma coisa que resolvi nomear como “síndrome de colonizado/a”. Me refiro à recorrente necessidade que temos (e ainda me incluo nisso) de receber bem todas as pessoas em nosso país, achando que será a mesma coisa quando sairmos daqui. Doce ilusão. O melhor exemplo disso é que, não raras vezes, falamos inglês quando algum estrangeiro não consegue se comunicar conosco. Isso não existe fora daqui, minha gente! Experimenta chegar em qualquer país da Europa, falando português pra ver o que acontece! Você será completamente ignorado/a porque infelizmente a realidade é essa!
Por quê as diferenças prevalecem? (Aeroporto de Havana, Cuba)
Também não estou defendendo a grosseria nem a lei de Talião. Na verdade, passei a admirar ainda mais nosso país e a nossa indescritível hospitalidade. Apenas tenho mais certeza de que devemos deixar de ser ingênuos e devemos aprender a nos “defender” lá fora. Isso significa sair da lógica de “colonizado/a” e baixar as expectativas ao sair do país pela primeira vez…
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