Qual espírito move alguém a sair do país?
Lembro-me que na época da escola estudava os poemas clássicos. Um dos mais famosos, sem dúvida, é a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias: “Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá. As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá…” O que mais me intrigava era a palavra exílio. “Vó, o que é exílio?”, perguntei. “É quando alguém é obrigado a deixar a sua terra natal”, ela respondeu. Cresci achando que Gonçalves Dias tinha sido expulso do Brasil, até vir, a saber, que ele fora em busca de desenvolvimento pessoal, estudar direito na Universidade de Coimbra.
Busca de desenvolvimento – isto é o que move a esmagadora maioria de pessoas que imigram. E você, brasileiro? O que move você? Na minha experiência com imigrantes, sejam eles brasileiros fora do país ou estrangeiros no Brasil, o maior motivo é de desenvolvimento pessoal: seja por questões financeiras ou para estudos. O segundo maior motivo é de relacionamento: brasileiro, até pela sua própria formação étnica, relaciona-se muito com estrangeiros, e sai do país para casar-se com estrangeiros.
E aí? O que acontece depois? A saudade é lógico. Os negros que eram obrigados a deixar sua terra para vir trabalhar na América, escravos, sofriam até de uma doença que eles chamavam de banzo: uma profunda dor causada pela separação do que eles mais tinham de valor, que era a terra, as pessoas, a cultura. Em maior ou menor grau, todos sofrem do banzo. Gonçalves Dias demonstra isso. O que importa ao imigrante é lembrar-se que o que moveu ele foi o crescimento pessoal, e não a fuga dos problemas, e nem confundir isso com a dor da separação, que é natural. Porque se isso ocorre, é muito comum as pessoas colocarem a culpa dos problemas, genericamente, no país, o que não é verdade. Problemas existem para todos, em qualquer país.
Se alguém sai da sua região e vai pra outra, é em busca de oportunidades. Uma pessoa só consegue crescer financeiramente e emocionalmente quando trabalha em busca de satisfação pessoal, e não fugindo dos problemas. Este é o espírito que transformou Valentim Diniz, que em 1929 abriu uma mercearia, no fundador do maior grupo varejista do Brasil, o grupo Pão de Açúcar. Busca de oportunidades: este é o espírito que você, imigrante brasileiro, deve ter ao sair do país. Concentre-se naquilo que você quer, e não no que irá deixar ou perder. Agarre esta oportunidade com unhas e dentes. Você só pode ganhar: não há outra escolha!
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