
Estudar em Portugal vale à pena?
Cada vez mais brasileiros têm deixado o país em busca de experiências e oportunidades de desenvolvimento acadêmico e profissional e, por que não dizer de experiência de vida fora do Brasil. Essas oportunidades foram alavancadas nos últimos anos pelos programas governamentais.
Jovens profissionais e pessoas com anos de carreira viram a chance de fazer um primeiro intercâmbio, de conhecer pela primeira vez um outro país, de aprender um novo idioma ou até mesmo, de melhorar a fluência. E, assim também, de cursar uma especialização, mestrado ou doutorado, porque o momento econômico tornou-se favorável. Sabemos que estudar numa boa instituição no Brasil não é fácil. Os processos seletivos são realmente seletivos e a depender da área, os custos são elevados, mesmo sendo a instituição pública.
Portugal é um país que tem atraído muitos brasileiros. Agora, principalmente, porque algumas instituições aceitam a nota do ENEM para aqueles que vão fazer a graduação pela primeira vez, como também, devido aos protocolos com diversas universidades brasileiras para aqueles que já estão cursando o ensino superior.
Estudar em Portugal – Considerações sobre o ensino em Portugal:
Muita gente tem me perguntado sobre como foi meu processo e decisão de vim para Portugal e quais as minhas impressões sobre o ensino e o país.
Bem, a princípio, pesquisei muito sobre as instituições (aquelas que temos referência no Brasil, como Coimbra, por exemplo) e os cursos (aqueles relacionados à minha formação inicial e outros com os quais tenho afinidade e interesse). E devo dizer que esse processo foi realmente minucioso. Pesquisei muito e entrei em contato com os coordenadores dos cursos (aqui chamados de diretores), e para minha grata surpresa, eu sempre recebi resposta. Digo surpresa porque no Brasil, sinceramente, não lembro de nenhum coordenador responder a um e-mail. Eu sempre tive de bater à porta para ter alguma resposta. Isso foi um estímulo!
Estudar em Portugal – Custos:
Em segundo, analisei a questão dos custos: o valor do curso, a moradia e as opções, enfim, fui buscando informações, já que, sem nenhum apoio, eu precisava pensar em como me manter.
Posso dizer que neste aspecto eu fiquei bastante motivada. Considero que o ensino em Portugal é de muito boa qualidade e, se pusermos na ponta do lápis, os custos são muito baixos se comparar com aqueles que eu teria no Brasil, já que aqui, mesmo a universidade pública é paga.
Outro aspecto que chamou a minha atenção é a variedade de oportunidades dentro da academia: cursos gratuitos, conferências, seminários, colóquios com especialistas de várias partes do mundo. Isso me deixou muito impressionada. O estudante que vem realmente para mergulhar nos estudos tem uma série de opções de formação e recursos ao seu dispor.
Lembro-me de um colóquio sobre Neoliberalismo, com um especialista francês. Achei que por ser internacional seria em inglês, para minha surpresa, não. E eu não falo francês. Não entendi nada.
Em outra situação, candidatei-me a um estágio e fui à entrevista, foi toda em inglês. Ufa! Como falo bem inglês, não tive problemas. Contudo, meu entrevistador comentou após a entrevista que a maioria dos brasileiros não consegue minimamente falar uma língua estrangeira.
E aqui nas universidades o estudante brasileiro vai encontrar também essa realidade. Precisa ter conhecimento de outros idiomas. Dica: todas têm laboratórios de línguas estrangeiras, que disponibilizam cursos para todos os níveis basta o estudante buscar.
Enfim, considero que, independente do país, devemos procurar aproveitar ao máximo as oportunidades que se colocam à nossa frente; e não só isso, de construir pontes também. Os professores vêem com bons olhos os estudantes que são autônomos e proativos, que têm interesse em potencializar seus estudos. Eles são super solícitos e quando percebem o interesse do estudante certamente abrem portas.
Quando me perguntam se vale à pena estudar em Portugal, respondo, sem dúvidas: sim! Encontramos, certamente, algumas barreiras, a citar a burocracia, a saudade de casa, e, também, um pouco das diferenças culturais. Mas, tudo isso não deixa de ser também um grande aprendizado.
Parabéns pelo artigo!
Uma dica que gosto de dar para quem está pensando em estudar fora (mestrado por exemplo) é arranjar um consultor – para quem tem dificuldades em lidar com toda a papelada e os prazos como era o meu caso. Se eu não tivesse tido ajuda talvez tivesse desistido a meio da aplicação.