Uma brasileirinha na Alemanha
Começar uma coluna nova é sempre um desafio… eu adoro me aventurar nessas de escrever, informar, contar histórias, mas a gente nunca está certa de que os leitores vão realmente se interessar pela leitura!
Quando o SairdoBrasil aceitou fazer a parceira com o La brasileirinha, fiquei primeiro muito feliz (é bom saber que tem gente que lê e até gosta do que a gente escreve!) e depois preocupada: minha vida na Alemanha já é cheia, trabalho em tempo integral, dou aulas, continuo estudando alemão, tenho casa, marido, gato e até o meu próprio blog!
Daí começam as perguntas de sempre:
– escrever sobre a vida na Alemanha, mas sobre o quê exatamente? turismo, trabalho, estudos, dia a dia?
– que nome dar a essa coluna?
– que estilo usar? simplesmente passar informação? criar textos orientados para otimizar o SEO? ou (ao menos tentar!!) fazer de conta que eu sou uma aprendiz de escritora e tentar escrever crônicas sobre o meu dia a dia na terra do Goethe?
Foi com todos esses questionamentos que me lembrei (entre a água para o café e a comida do Paul, meu gato) de um livro que comprei para a minha ex-sogra alemã há alguns natais passados e que nunca li pois só tinha achado em alemão: Ein Brasilianer in Berlin, do João Ubaldo Ribeiro.
Pensei que ele poderia me dar uma “luz”, umas ideias para essa coluna… (já estou parafraseando o nome!!)
Não que eu possa pensar e nem queira dar a vocês a impressão de que eu, algum dia poderei escrever como ele, isso seria para mim quase tão improvável quanto ganhar na mega sena (não que eu não dê uma jogadinha de vez em quando, mas é que aqui só tem lotto).
Mas sei lá, ao menos para ela ter uma ligação com alguma coisa e não parecer que a minha coluna vai ficar sem por quê, entende?
Bom, peguei o meu trem e chegando ao destino final, fui direto para uma livraria, pois tinha que comprar o livro de alemão, a aula começaria em 30 minutos.
Descendo as escadas que dão no setor de línguas estrangeiras, o que eu encontro?
Empilhadinhos e organizados para chamar a atenção dos passantes? Uma edição bilíngue do “Ein Brasilianer in Berlin“!
Eu sempre tive uma relação muito íntima, ou talvez estranha, com os livros: empresto com dificuldade, leio e releio os meus preferidos, me identifico com os personagens, sofro, rio e choro com eles.
Me lembro que passei mais de uma semana lendo o último capítulo do “A cerimônia do adeus” da Simone de Beauvoir, só porque sabia que o Sartre morria no final… e lia chorando, pode?
Fui ver o filme em que Dora Maar viu pela primeira vez o Picasso e acabei vivendo uma história quase tao enlouquecedora quanto a deles.
Guardo com zelo os e-mails (já que hoje não escreve-se mais cartas) daquele que pra mim é o meu Peter Walsh e coisas desse tipo.
E até agradeço não ter lido o Werther em alemão… já fiquei impressionadíssima com ele, se tivesse lido no original talvez teria sido acometida da Wertherfieber .. já pensou?
Mas pensar num livro e encontrá-lo momentos depois exposto, em edição especial comemorativa de 10 anos, isso, isso ainda não tinha me acontecido!
Me agarrei nele; no livro, já que o João Ubaldo não estava presente, e estava tão feliz que até comprei o livro errado para as aulas de alemão ( e isso foi bem peinlich como se diz por aqui).
Terminei-o ontem, (não sem pena!), mas assim que meu queridinho terminar (ele estava ansioso que eu terminasse!!), vou começar em alemão!!
E se você estiver pensando em viver a Alemanha, se já estiver aqui, ou se simplesmente quiser desfrutar do prazer de uma boa leitura, só tenho a recomendar!!
E se quiser ficar por dentro do cotidiano de uma (como tantas outras) brasileirinha na Alemanha, se quer saber como (ainda é bom) viver na Alemanha, não deixe de acompanhar esta coluna. Se tiver dúvidas, perguntas ou se simplesmente quiser dar pitacos, fique a vontade!
Para todos uma boa semana e liebe Grüße aus Deutschland!
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