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O espírito do futebol em Montevidéu

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Fui para a capital do Uruguai, Montevidéu, no final de 2007, fazer um clássico passeio com meus pais. Cheguei lá sem muita pretensão e esperança de encontrar algo relacionado a futebol, mesmo que tenha sido lá a primeira Copa do Mundo, em 1930.

Meus pais planejaram fazer o roteiro básico: visitar Punta Ballena, Ciudad Vieja, o shopping de Punta Carretas, a clássica Punta del Este, o famoso Rio da Prata, entre outros locais muito visitados, como a Calle 18 de Julio – Rua 18 de Julho – localizada no coração da cidade. Foi lá que a coisa começou a conspirar a meu favor.

Na Galeria Central, uma das muitas galerias da rua mais conhecida de Montevidéu, encontrei a loja JM Coleccionables. Fiquei sabendo dela numa reportagem da Placar, principal revista brasileira sobre futebol. Babei com as histórias sobre a loja e quase chorei ao pôr na cabeça que dificilmente a visitaria. Mas esse dia chegou.

Como diz o texto na revista, a loja não vende, por exemplo, as últimas camisas do Barcelona, do Chelsea, do Milan etc. Nela, há apenas relíquias do futebol, como a camisa que levei de lá: uma da seleção do Uruguai usada num jogo amistoso de preparação para a Copa do Mundo de 1970. Além dessa peça rara, o local, mantido pelo ex-jogador Julio César Martinez, tem várias outras camisas de tirar o fôlego do mais apaixonado por futebol, como eu.

Minha coleção com cerca de 170 camisas ficou bem mais rica após essa viagem a Montevidéu, que não parou por aí. Ou melhor, pela Galeria Central.

A caminho de Punta del Este, paramos na Casapueblo, em Punta Ballena, antiga casa de verão do artista uruguaio Carlos Páez Vilaró, onde hoje funciona um museu, com galeria de arte e até um hotel, tudo distribuído dentro de um espaço com arquitetura única, e com vista para o mar.

Nas paredes do museu, formado por corredores que mais parecem labirintos, há placas com o nome das “ruas” do local, as chamadas “callecitas”, batizadas por Vilaró com o nome de vários amigos seus. Uma das ruelas se chama “Callecita de Pelé”, em homenagem ao Rei do Futebol. Imagem digna de um registro.

Mais para o final do passeio, meus pais e eu fizemos um city tour, e, paramos sem querer, pois não estava no roteiro, no Estádio Olímpico, que abrigou todos os jogos da primeira Copa do Mundo. Pode parecer piegas, mas estar lá, mesmo do lado de fora daquele estádio, me fez ter um sentimento diferente, como se algum espírito futebolístico rondasse o local.

Mesmo um pouco de longe do estádio, como mostra a foto, a sensação de estar lá é diferente de tudo que senti em outros estádios e locais ligados ao futebol. Imaginar o primeiro Mundial sendo disputado naquele estádio, que ainda preserva uma parte da arquibancada original, feita de pedras, foi muito bom. Recomendo para os mais apaixonados por futebol. E os demais, claro.

Mas como em viagens nem tudo são flores, a nota triste foi dada pelo recepcionista do hotel em que ficamos. Perguntei a ele se teria algum jogo para ver naquela noite. Ele respondeu rindo, como se estivesse acostumado dar a mesma resposta para os turistas sempre. “Você quer ir a um jogo aqui? Não, não vá. É muito perigoso”. E de fato é. Lendo o jornal mais popular do Uruguai, o El País, vi que num jogo disputado um pouco antes da nossa ida a Montevidéu, a polícia local teve que prender alguns vândalos briguentos.

Não fiquei mal em não ir ao jogo, pois ir àquela lojinha na Galeria Central e ao Estádio Olímpico apagou tudo que a violência no futebol uruguaio de hoje proporciona, infelizmente.

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Jornalista formado pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), nascido em 1986, apaixonado por futebol e viagens. Isso pode resumir um pouco a minha vida. Pode, não totalmente. Desde criança fui apaixonado pela Austrália. Não lembro exatamente por qual motivo. Talvez para ser diferente, pois todos no colégio só falavam de Estados Unidos. Isso, em meados dos anos 1990. Em 2005, já adolescente, realizei o meu sonho de ir para a Austrália. Mais. Morei no país dos cangurus, em Gold Coast, por cinco meses. Poderia ter ficado muito mais, mas tive que voltar para me formar. Antes, porém, passei uns dias na Nova Zelândia, e também me apaixonei. Aqui no Brasil, passei a escrever sobre futebol. Anos se passaram, e hoje colaboro regularmente, como freelancer, para a Revista Placar, da Editora Abril, principal publicação de futebol do País. Mas isso não me fez parar de gostar de viagens, muito pelo contrário. Por isso estou aqui nesse espaço, escrevendo sobre outra coisa que gosto muito. Já rodei também por Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Canadá, Portugal, Espanha e África do Sul. Espero ter histórias interessantes para compartilhar com você, internauta leitor.

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