Ivone Schramm minhas impressões sobre a Argentina
Começo minha coluna aqui no Sair do Brasil dividindo com vocês alguns dos melhores meses da minha vida. Não é exagero não, o intercâmbio à Argentina foi um divisor de águas. Acredito que todas as viagens são feitas de pessoas e sensações. Lugares desnublantes também contam, mas não é para eles que eu volto.
Uma das coisas que eu mais gosto das viagens é que aqueles dias, de uma maneria ou de outra, são só seus.
Quando estou triste ou estressada por um motivo qualquer sempre paro e penso nos bons momentos que vivi em algum lugar do mundo. Eles se tornam meus paraísos, para quem leu o livro ou assistiu ao filme A Paria, vai lembrar da definição que o personagem Richard dá a paraíso: “It’s not a place you can look for, is how you feel for a moment”.
Em tempo real não passei nem 6 meses no país vizinho, em experiências, foram pelo menos 5 anos bastante agitados.
Entre as muitas coisas e o mundo de possibilidades que a cidade de Córdoba proporciona, as festas estão entre as paradas obrigatórias de quem gosta da noite. Conhecidas como “boliches” as baladas de lá tem muita gente bonita e pronta para conhecer pessoas novas.
A cidade possui uma das maiores universidades fora de Buenos Aires e é a segunda maior em população do país.
Tem festa de segunda à sábado e os bares são ótimos lugares para começar a noite. Muitos deles tem happy hour com bebida em dobro até as vinte horas. Depois ficam duas opções, as boliches do centro, ou as de uma área onde só tem casa noturna. Esta área é mais afastada da cidade. Quando estive lá, do centro de táxi custava em média 20 pesos. Como não tem ônibus, ou você vai e volta de táxi, ou compra lugar em uma van, que leva a galera no início da balada e volta para busca às 5 da manhã, quando os locais fecham. Se optar pelo táxi fique esperto, eles somem e a espera pode levar mais de uma hora…
Foi em uma dessas casa que conheci o grupo musical BajoFondo. O local chamava Carreras e era a casa mais badalada da época. Em uma sexta-feira o pessoal resolveu fazer uma despedida para os alunos da COINED que partiriam naquele final de semana. Depois de um esquenta em muitos bares da cidade, fomos até a área das casas noturnas e escolhemos a Carreras, pois era a maior e naquela noite sabia-se que haveria um show. Ninguém sabia direito o que que era, mas todo mundo resolveu encarar. Deveriam ser pelo menos 40 pessoas, entre argentinos, brasileiros, americanos e europeus de toda a parte.
Naquela noite conheci o tango eletrônico que tempos depois viraria sucesso no Brasil, como tema de abertura da novela A Favorita da Rede Globo. Assim que o show com músicos munidos de instrumentos clássicos e o dj começou, o ritmo e as imagens de um tango veloz no telão levaram a plateia ao delírio e eu me apaixonei. Não foi só pela música, mas isso fica para uma outra vez…
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