Explorando as Quebradas, ao norte da Argentina
Existe uma região da Argentina ainda pouco explorada por massas de brasileiros. O Norte do país merece ser descoberto.
Predominantemente uma área de deserto, as “Quebradas” não atraem os viajantes tupiniquins, simplesmente porque são pouco divulgadas por aqui. Uma das mais belas e mais famosas opções é a Quebrada de Humahuaca, que guia o viajante por inúmeras pequenas vilas no meio do árido norte argentino.
A saída para lá é da cidade de San Juan de Jujuy, na província de Jujuy ao norte de Buenos Aires e de Córdoba. É possível voar até lá, mas se você está vindo de Córdoba uma parada em Salta é válida e agradável. De Salta a Jujuy de ônibus vai uma noite inteira.Visitei todas as cidades da Quebrada tentando chegar ao Peru, achei que cortar a Bolívia seria o caminho mais lógico.
E não foi! Ao chegar à fronteira boatos sobre assaltos a turistas me fizeram mudar de rumo.
Depois de passar por Pumamarca, um simpático povoadinho de menos de mil habitantes e que tem em seus domínios o belíssimo Cierro de Siete Colores, encarei duas horas de ônibus até Tilcara, onde passaria a noite. Dormi só em Hostels, ou certificados pelo órgão argentino ou algum dos pertencentes a rede HI HOSTEL. Em Tilcara ele é da rede HI e parece uma chácara de férias.
São várias casas individuais com banheiro, cozinha e fogão a lenha. Quartos mistos com loockers. O lugar é bem legal, é um pouco mais longe do centro, depois de uma caminhada (fica no lado oposto à rodoviária) e encarrar um morrinho, o viajante chega ao hostel. Toda a cidade é de ruas de barro e nas manhãs acontece uma feirinha bem legal na praça principal, bem em frente ao museu que conta a história da região. Antes de sair para os passeios de um dia vale passar por ali.
Como o Hostel fica mais afastado da cidade, voltar de noite para lá é uma aventura a parte. Eu estava viajando sozinha e em Tilcara não encontrei nenhum colega de quarto, era casais de franceses que estavam na mesma casa. Tinha também outro quarto com um grupo de 4 amigos, mas não consegui descobri de onde eles eram. Fui jantar no “centro” e como era inverno no deserto, o frio e a escuridão vieram bem rápidos.
O caminho foi inacreditável, passei pelas ruas sujas e escuras evitando os locais totalmente sem luz. A iluminação era igual a das cenas de terror, bem quando a mocinha é atacada. E lá fui eu, sem lanterna buscando um caminho no qual eu pudesse ver alguma coisa. Morrendo de medo passei pelas ruas já desertas e pelas casinhas simples até a subida do morrinho do hostel. Ali era uma área com vegetação, do pé do morro até o portão do local não tinha mais nenhuma casa.
Pensei que seria bem fácil passar por ali, afinal de contas meu maior medo sempre foi do bicho homem. Três passos para dentro da escuridão completa e escuto um coiote ou lobo, uivando. Eram pelo menos 300 metros sem nenhuma iluminação.
Acho que dei os passos mais largos e rápidos de toda a minha vida naquela hora. Mal pude acreditar quando passei o portão do hostel e finalmente me dirigi para a casa. Primeiro fica a dica, NUNCA façam isso. A lista do que poderia ter acontecido deve ter uns 10 itens.
Depois, quando for a uma cidade de deserto, que fica os seus dois mil e tantos metros de altitude, aproveite a noite para olhar as estrelas. Serão milhares e ao alcance das mãos.
3 comentários