Com que dinheiro eu vou para a salsa que Cuba me convidou?
Quem é que ainda quebra a cabeça para resolver como levar dinheiro nas viagens? Esse papinho ficou tão anos 80 desde a morte por inanição dos traveller’s check. E quem desligou os aparelhos foi o cartão internacional, esse plástico que qualquer conta universitária pode ter.
Verdade seja dita: a tabelinha cartão internacional/dinheiro em espécie é imbatível. Visa e Mastercard cobrem 90% do planeta e todo mundo aceita. O dinheiro em espécie serve para esfregar na cara de agente de imigração xarope, para aquele dogão completo da rodoviária ou para a primeira diária do hotel quando você chega cansado e não quer esperar a maquininha dar linha. Usando seu cartão, você ainda ganha pontos, saca em caixas eletrônicos em moeda local e, mesmo com as taxas que seu banco cobra, vale a pena. Tudo que você tem a fazer é olhar como está o câmbio do seu destino e decidir se você vai levar mais cash ou usar mais o cartão.
Mas você decidiu ir para Cuba. Único país socialista (Coreia conta?), com ditador amado e odiado, sofrendo embargo econômico. É, amigo, quando o assunto é dinheiro, senta porque lá vem história.
Desde a Revolução que Cuba não sabe o que fazer direito com sua economia. O peso cubano não vale nada. E foi feito exatamente para isso. Só assim um professor sobrevive ganhando 16 dólares mensais. Eles ganham pouco, mas a feira do mês sai por apenas 5 dólares. E como eles comem bem com essa grana: café da manhã farto, almoçam peixe e jantam frango.
Mas se eles abrissem esse esquema para os gringos, até mochileiro virava rei. A saída foi criar uma moeda só para estrangeiros. E um país com duas moedas pode, Arnaldo? Bom, soberania é isso aí. Com vocês, os cubanos convertibles ou os famosos CUCs. Uma moeda não reconhecida por nenhum banco central do mundo. Rá, se ninguém reconhece posso colocar o valor que eu quiser para ela, né? E você ainda tinha dúvidas disso? A cotação do CUC é definida pelas CADECAS, as casas de câmbio oficiais cubanas, e hoje o dólar americano vale CUC 0,9259 (você pode conferir a cotação no site do Banco Central Cubano www.bc.gov.cu).
Só que cubano não vai com a cara de ianqui e de quem carrega dinheiro deles. Por isso, se você for trocar dólar, terá que pagar uma multa de 10%. Imagine que você chegou lá com 300 dólares. Eles vão descontar a multa (30 dólares) e converter o resto: (300 – 30) x 0,9259 = 249,99 CUCs.
Como seu Nikita tinha credencial vip para entrar na ilha, a conta do euro é bem mais leve. Pela cotação de hoje, 300 dólares valem 217,55 euros. O euro está valendo 1,2726 CUCs. 217,55 x 1,2726 = 276,85 CUCs. Bem melhor levar euros. Hoje. Um outro fator que não estou considerando aqui é por quanto você vai comprar o dólar ou o euro. Dependendo dessa primeira conversão, o dólar pode sair mais vantajoso. O importante é ter em mente as inúmeras conversões que você terá que fazer antes de viajar.
Mas e o cartão de crédito? Você acredita mesmo que um país que priorizou saúde, educação e segurança vai ter maquininhas funcionando a pleno vapor? O mundo não é dos ingênuos, mas está cheio deles. As linhas telefônicas cubanas vão de mal a pior e, com o embargo, as bandeiras têm dificuldades em operar lá. Eu prefiro morrer de fazer contas e levar tudo em dinheiro do que tomar um baile do meu cartão internacional.
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