Bares espanhóis: como tratar e portar dentro de um autêntico bar espanhol
Muita calma nessa hora. Esse não é um texto qualquer. É um guia sobre como tratar e se portar dentro de um autêntico bar espanhol. Por isso, leia este texto com muito cuidado.
Os bares espanhóis são instituições de respeito, ícones culturais, são entidades e merecem ser tratados como tais. E nem a quantidade absurda de bares – existe um bar para cada grupo de 150 habitantes – faz deles instituições menos respeitadas. Ao contrário.
Na Espanha eles são nossa segunda casa e todos temos a nossa birosquinha preferida. Eles abrem suas portas logo de manha cedo e nos permitem entrar para o café da manha. Nada melhor que uma xícara de café com leite quente. Sim, porque aqui eles ainda te dão a opção de escolher entre o leite quente e o leite morno. Sim, os bares espanhóis são entidades educadas. Estranho? Não. Entidades são assim, exóticas.
E nada de sentar-se a mesa. Tome seu café da manha em pé no balcão, como todo bom madrilenho. E para acompanhar seu café com leite peça uma tosta. Traduzo: uma fatia de pão torrado na hora com o que você quiser por cima: com queijo, com o famoso jamón – o presunto espanhol, com azeite e sal, com tomate amassadinho ou, se quiser, com tudo isso junto (o meu preferido): tosta de jamón con queso y tomate.
E se no meio do dia bater um cansaço, vá de café. Nada de Starbucks, por favor. Entre em qualquer bar espanhol e (em pé no balcão, já sabe) peça um café solo, que nada mais é do que uma xícara pequena de café expresso. Não se assuste se eles perguntarem se você quer uma pedra de gelo. Por aqui isso é bem comum. As entidades permitem que você também seja exótico.
Nem pense em reclamar do cigarro alheio. Fumar aqui é socialmente permitido em todo e qualquer lugar. E ninguém liga de estar incomodando o próximo.
No fim do dia para relaxar, conversar com amigos ou ver uma partida de futebol europeu, entre em outro bar qualquer – não importa qual, eles são quase todos iguais – vá para o balcão (mas isso você já sabia) e peça uma caña. Ou melhor, não peça. Ordene com educação. “Me ponga una caña, por favor,”.
Tenho um amigo americano que diz que na Espanha, se você for muito educado ao pedir algo em um bar as pessoas todas te olharão estranho e é capaz de você ser mal atendido.
E não se preocupe em pedir nada pra acompanhar. Como num passe de mágica, ao lado da sua caña estará um pratinho com azeitonas. Ou amendoim. Ou sementes de girassol. Ou torresmo. E dependendo do humor do camarero (é assim que se chama o garçom espanhol) até uma tosta ou um pedaço de tortilla. E quanto mais cañas você beber, mas coisinhas gostosas ele vai te dar. E sem precisar pagar mais por isso.
E nesse momento, em pé no balcão, com a caña em uma mão e a outra sem conseguir parar de beliscar essas coisas gostosas, você estará prestando a devida homenagem e o devido respeito a estas birosquinhas, que na Espanha foram elevadas à categoria de instituições culturais.
Nem pense em vir à Espanha e não visitar um autêntico bar espanhol. As entidades, além de educadas e exóticas, podem ser facilmente ofendidas.
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