Como preparar uma grande viagem

Como preparar uma grande viagem

Viajar é (ou deveria ser) uma experiência muito pessoal, na qual aprendemos sobre culturas diferentes, crescemos, nos tornamos pessoas mais tolerantes, talvez mais relativistas e, definitivamente, ampliamos nossos horizontes, aprendemos a sonhar com lugares novos, com gente de outra cor quiçá, com novos sabores. Duvido, porém, que isso tudo se consiga numa viagem por atacado (vulgo, “conheça a Europa em 20 dias”), porque o tempo dedicado à logística, nesses casos, ocupa tanto que não sobra tempo para a observação, para o contato real. Sou praticamente empedernida do Slow Travel e, portanto, este artigo vai para aqueles que compartem alguma coisa desses valores comigo. Para os outros, nenhuma das minhas recomendações será útil. Vamos a elas:

1. Leia muito, informe-se. Compre guias (tipo Lonely Planet, Rough Guides, etc), leia blogs de viagens e de moradores do lugar para onde você vai. Hoje em dia o que não falta é informação sobre tudo nesse mundo! Tem gente que diz “eu quero me surpreender, não quero saber nada antes”, só que a gente mais desfruta de um lugar quando sabe o que vai ver. Por exemplo, se você estuda um pouquinho só sobre a história da Reforma Protestante, sua viagem a Genebra terá mais sentido. Eu recomendo o site booking.com porque lá você pode ver as recomendações dos próprios hóspedes, falando sobre os prós e os contras de um hotel, por exemplo. Também no Trip Advisor as informações são muito úteis. Seja o seu próprio agente de viagens e gaste muito menos dinheiro do que você gastaria se fizesse uma viagem por agência (com a vantagem de curtir muito mais!!!).

2. Você tem algum hobby ou coleciona alguma coisa? Que tal procurar seus companheiros de hobby no lugar onde você vai? Por exemplo: que tal fazer uma aula de culinária de um dia em Paris ou em Nova Iorque, ou pular de paraquedas perto de Madri? Ou ainda, se você for um fã de literatura como eu, conhecer quais grandes escritores moraram naquela cidade, visitar suas casas ou seus túmulos, ler suas obras? Que tal vez uma peça do Shakespeare em Londres ou um show do U2 que, coincidentemente, estará na mesma cidade que você durante sua viagem? Tudo isso, que faz com que nós sejamos especiais e únicos, não é levado em conta por uma agência de viagem, simplesmente porque é impossível agradar a todo o mundo de uma vez só.

3. Não é para menos que dizer que alguém é um “mala” tenha uma conotação tão pejorativa. Com ou sem alça, uma mala é sempre um peso chato que você tem que carregar. Se você pretende viajar a vários lugares, lembre-se de que você terá que carregar sua mala e que nem sempre há escadas rolantes nos metrôs da Europa. Uma viagem não é o momento de fazer desfile de modelitos. Aliás, a melhor coisa é poder repetir algumas peças várias vezes. Jamais coloque na mala uma roupa que precisa ser passada! Uma dica para as mulheres: leve tudo combinando ou com marrom ou com preto, assim você leva sapato e bolsa de um só tom. E se vai no inverno/outono, leve poucas camisas/camisetas e muitos echarpes, assim você não se cansa do look! Eu pessoalmente prefiro uma malinha pequena de rodinhas a uma mochila: uma coisa é arrastar 15 kg com roda, outra coisa é levá-los nas costas!

4. Se você usa um celular moderninho, baixe todos os aplicativos úteis para viagem. Aquele negócio de andar com uma pastinha de despachante levando todos os documentos já acabou. Dá para armazenar tudo no celular e até mesmo em pastas virtuais (como Dropbox ou Mobile Me, entre outros). Exceto que pedem uma reserva impressa, com o número costuma ser suficiente e assim você economiza papel e ajuda o planeta 🙂

5. Tente responder seriamente esta pergunta: você vai viajar para mostrar suas fotos para os outros ou para ter uma experiência pessoal de crescimento, aprendizagem inesquecível? Porque, pense bem, se você não vai a um só museu no Brasil, porque você vai perder um dia inteiro no Louvre? Será que é só porque todo o mundo vai ou você realmente se interessa por arte? Em todo caso, se achar que, mesmo sem saber nada sobre arte, você quer passar o seu dia lá, pelo menos se informe sobre as obras. Apreciar arte (seja no Louvre,  em qualquer outro museu, na rua, ou onde for) requer aprendizado, mesmo que mínimo.

6. Aprenda algumas frases básicas no idioma local, pelo menos o “por favor”, “muito obrigada”, etc. É uma gentileza mínima que garante sempre um bom trato e um sorriso. Eu andei utilizando um Phrasebook do Checo para o iPhone e realmente foi útil. Consegui pedir a comida e a conta em checo, o único problema foi que em vez de me trazer um papel com a conta, a mulher me disse o valor e o Phrasebook não ensinava a entender as respostas.

7. Reserve tempo para a contemplação, para sentar em um café e observar as pessoas, talvez para ir ao cinema ou ao teatro, ou para conhecer locais. Conheça o supermercado local, o mercadão, esses lugares que são tão únicos numa cidade.

Antigamente, as pessoas viajavam durante meses ou anos. Montaigne, por exemplo, quando saiu de viagem, deixou mulher e filhos em casa e passou mais de um ano perambulando pela Europa. Nada mal! Tenho certeza de que é por isso que ficou tão difundido aquele provérbio que diz que “viajar abre a cabeça” ou “travel broadens the mind”. Hoje não temos o mesmo tempo, as férias são curtas e embora (felizmente) nós da classe média agora possamos viajar, temos nossas limitações. Mas dá para aproveitar e aprender e crescer, mesmo em uma viagem de 20 dias por ano. Basta estar estarmos bem preparados!

5 comentários

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Mauricio

Parabéns pelo post. Compartilho dos mesmo ideais 🙂

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Mauricio

Parabéns pelo post. Compartilho dos mesmos ideais 🙂

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Priscila

Muito legal o post!! Agora estou conhecendo tambem o blog Flanâncias… Estou adorando tudo e me inspirando com cada experiência!!!
Parabéns!!!

bjss

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Iza Raz

Aprender também é ler bons post, como este. Sim viajar é conhecer, experiementar, enfim curtir o lugar. Ser seu próprio agente de viagem faz com que tenhamos que pesquisar, planejar, fazer contatos. E então finalmente arrumar as malas, acelerar o coração e não esquecer de colocar na bagagem – o melhor espirito aventureiro.

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Lucy Leite

Olá Iza, Alex, Priscila e Maurício! Desculpe a demora para responder aqui, mas estava praticando o que eu prego… hehe… estava viajando. Logo mais coloco um post aqui ou no meu blog sobre minha última semana em Dublin. Fico contente de encontrar gente que compartilha essa forma de viajar. Abraços a todos!

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